sábado, 27 de junho de 2009
"o rei do pop"
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Ora, vá!
Pouco depois um garoto parou e, me encarando, pediu uma moeda e eu o mandei à merda! Puxa, ele levou um susto muito grande, pois uma senhora idosa não deveria usar estas palavras. E, então continuei: Se você tivesse se oferecido para varrer, me ajudar, eu daria um bom café e mais uma moeda. Mas como você só quer uma moeda, então digo novamente, vá à merda!
Tempos depois, ao atravessar a rua (é, aqui no centro mesmo), percebi um homem caído na calçada. Preocupada, me aproximei, outras duas mulheres também chegaram, fizemos uma rodinha, uma delas entrou na farmácia, logo ali, para pedir ajuda. Um balconista se aproximou, conseguiu acordar o homem desmaiado, que sussurrou alguma coisa. O rapaz se afastou sem dizer nada. Pedi ajuda a um passante que também escutou os sussurros, e me falou que era FOME! Voltei nos passos, entrei no pequeno restaurante e pedi um prato de comida. Outra pessoa ajudou-o a sentar e, entregando o prato com a comida quente, me afastei em seguida, enquanto ele comia afobado.
Margarita Wasserman - escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do PR.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Um spa exclusivo, Revista Piauí
Dayana e Gitmo: parece terem sido feitos um para o outro. Pelo menos é o que se deduz dos posts com que a coroada de 22 anos brindou os leitores de seu blog:
Guantánamo, Cuba!!! Uáaau, minha profissão é fantástica!!!! Foi uma experiência incrível. Crystle [Crystle Stewart, a Miss Estados Unidos 2008] e eu chegamos na sexta-feira e logo fomos dar uma volta. Todos ali pareciam saber da nossa chegada. Como primeira atividade participamos de um almoço de boas-vindas. Em seguida, visitamos um dos bares da base militar. Batemos ótimos papos sobre a experiência de viver em Gitmo. [...]
Também tivemos direito a uma demonstração das incríveis habilidades dos cães militares. Todo o pessoal foi simplesmente bárbaro conosco. Visitamos os campos dos prisioneiros, vimos as celas, os locais dos banhos, os espaços de recreação, com salas de cinema, aulas de arte, livros. Tudo muito interessante. Os fuzileiros navais nos deram uma aula sobre a história do lugar, e pudemos ir até a linha divisória entre Gitmo e Cuba.
E a água de Guantánamo! Tããão incrível. Fomos até a Playa Cristal, onde aprendi que o nome vem de minúsculos cristais acumulados na areia ao longo de séculos. É lindo ver todas aquelas cores brilhando ao sol.
Por mim, eu não partiria jamais de Gitmo. Tudo tão relaxante, tão calmo, tão lindo! Que viagem memorável, deliciosa!
É uma lástima, senão uma brutalidade, que os responsáveis pela Organização Miss Universo tenham retirado do ar o diário de viagem encerrado em 27 de março passado. No seu lugar foi inserido um comunicado um tanto seco da presidente da entidade que, em 2009, organizará a 53ª edição do concurso: "Os comentários feitos por Dayana Mendoza em seu blog referiam-se à hospitalidade com que foi recebida pelos membros das Forças Armadas dos Estados Unidos e suas famílias aquarteladas em Guantánamo", informou Paula Shugart.
Isto é, Dayana não se referia ao campo de detenção ali instalado desde 2002, e que se tornou o foco irradiador da política de tortura autorizada pelo governo George W. Bush em sua guerra contra o terror. Nada que evocasse o devastador relatório de 41 páginas da Cruz Vermelha Internacional, tornado público no início de abril, e que aponta os abusos pelos quais Guantánamo passou a se notabilizar. A Miss Universo tampouco cruzou com os 240 prisioneiros que permanecem encarcerados em Gitmo. Não teve a oportunidade, portanto, de ser apresentada a dois dos estrategistas do 11 de Setembro, o saudita Abu Zubaydah, submetido a 83 sessões de simulação de afogamento, nem ao kuwaitiano Khalid Sheikh Mohammed, torturado 183 vezes só em março de 2003, segundo o mesmo relatório.
O convite para passar cinco dias de março em Guantánamo chegou a Dayana através da United Service Organization, uso, entidade criada durante a Segunda Guerra Mundial para prover apoio recreativo e moral às Forças Armadas americanas espalhadas mundo afora. Hoje, a missão de entretenimento à soldadesca faz parte da agenda politicamente correta de toda Miss Universo. No passado, foi Hollywood que aderiu em peso ao chamado cívico para cruzar meio mundo e injetar calor humano às tropas em guerra. Uma lista completa das mais de 208 mil (sim, 208 mil) visitas organizadas entre 1941 e 1945 inclui os nomes mais estelares do showbiz americano. De Marlene Dietrich a Bob Hope, de Judy Garland e Lauren Bacall a Fred Astaire, de Humphrey Bogart, Glenn Miller e Frank Sinatra - ninguém ousaria faltar. Na Guerra da Coréia dos anos 50 foi a vez de Marilyn Monroe, Debbie Reynolds, Errol Flynn, Jane Russell e Bob Hope (sempre ele) vestirem o uniforme. Mesmo durante um conflito que rachou a nação americana nos anos 60 e 70, como a Guerra do Vietnã, a uso conseguiu organizar mais de 5 mil apresentações de artistas. Pelas terras do sudeste asiático deram o ar de sua graça Sammy Davis Jr., Ann-Margret, John Wayne e, como não, Bob Hope.
Para a atual embrulhada militar erguida sobre os escombros do atentado às Torres Gêmeas, o escrete tem sido mais esquálido. Lance Armstrong, o herói das pedaladas, foi despachado para o Catar, Afeganistão e Quirguistão. No Kuwait, coube a Scarlett Johansson iluminar, com sua tez de pêssego e boca carnuda, os rostos da soldadesca aquartelada no deserto.
Mas é a passagem-relâmpago da venezuelana Dayana Mendoza por Guantánamo que consolidou a despedida daquela base como centro de detenção e de tortura. Barack Obama, ao assumir a Presidência em janeiro deste ano, decretou que em doze meses não haveria mais detentos na base militar. Os cinco dias de Dayana bastaram para revelar a vocação do local para "ilha da fantasia".
Infelizmente, por ter tido o seu blog cruelmente abortado, a Miss Universo não pôde se estender sobre tudo o que a cativou em Gitmo. Mas poderá transformar suas observações em livro, futuramente. Talvez assim:
A interação com os animais é realmente um dos pontos fortes dos resorts da cadeia Bush, Cheney & Rumsfeld. Quando a gente menos espera, surge um cachorro não se sabe de onde. Ouvi dizer que num dos spas mais exóticos, o de Abu Ghraib, eles chegam a brincar de corre-corre com hóspedes vip. Para tornar tudo ainda mais divertido, vez por outra os animadores põem vendas em alguns deles - quer dizer, nos hóspedes, não nos cachorros... - e aí é um susto só!
Agora, se você é desses que gostam de tirar foto de celebridades, esse lugar não é para você. Fiquei impactada com o grau de privacidade que esse resort oferece aos famosos. Durante meus cinco dias de relaxamento em Gitmo, as celebridades mega-ultra-vips recarregavam suas baterias num espaço completamente isolado. No máximo, a gente ouvia um ou outro grito do personal deles. Um luxo.
Boa parte dos hóspedes de Gitmo foi trazida de muito longe, em jatos fretados, cortesia da casa. A frequência, aliás, é das mais cosmopolitas que já encontrei - conheci gente de pelo menos 26 países! Sério: em que outro lugar você vai conhecer um rapaz do Iêmen, do Afeganistão e - olha só! - até do Djibuti?!! Sim, tem um país chamado Djibuti!
Para driblar a tensão das nossas agendas, ainda na semana passada, tive de prestigiar a abertura do pregão da Nasdaq, compareci à corrida de Fórmula 1 na Malásia, aprendi o que é Twitter e participei de dois desfiles em Miami - o serviço em Gitmo é all-inclusive, ou seja, já está tudo pago. Das refeições light (o lugar é divino para emagrecer) aos roupões chiquésimos, laranja-vivace, da grife Frette, nada falta. Agora que conheci, pretendo voltar sempre. Ouvi dizer que eles têm um curso bárbaro de apnéia! Tábua-de-água, ou algo assim! Quero fazer, pra pode mergulhar no Djibuti!
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Ser Jovem na França - Mostra da Caixa em SP
Com curadoria do fotógrafo brasileiro Milton Guran, a exposição apresenta 109 obras de 28 fotógrafos que fazem parte do acervo do Fundo Nacional de Arte Contemporânea da França. Originalmente chamado de "Le Plus Bel Âge", este conjunto de obras tive origem em uma das maiores encomendas públicas do gênero, sob a coordenação de Agnès de Gouvion Saint-Cyr, do Ministério da Cultura francês.
Blogs fazem pessoas escreverem mais e pior, diz Saramago
O escritor português reuniu os artigos publicados durante os seis primeiros meses de sua atividade como blogueiro em "Caderno de Saramago", um livro vetado na Itália por Silvio Berlusconi e que reflete o espírito crítico de seu autor.
"Pessoalmente cuido tanto do texto de um blog como de uma página de romance", disse o Nobel português, de 86 anos e que apresentará o livro em um encontro com blogueiros aberto a internautas de todo o mundo, no próximo dia 25, em Lisboa.
Quanto a seu blog (http://caderno.josesaramago.org/), o escritor disse que não destina ao espaço "nenhuma ideia em particular", para depois expressar que "os sismógrafos não escolhem os terremotos, reagem aos que vão ocorrendo, e o blog é isso, um sismógrafo".
"Aqueles que me leem sabem que podem encontrar-se a cada dia diante de algo totalmente inesperado", reforçou Saramago, que respondeu às perguntas do diário argentino por e-mail da Espanha, onde mora.
O autor de "O Evangelho segundo Jesus Cristo" também sustentou que não teve de lidar com a situação de criar textos que tivesse medo de publicar, e avaliou que "se o blog é um espaço para a reflexão, não deve surpreender que ilumine aquele que o escreve".
O melhor Latte Machiatto de Zurique
Você pode achar que eu estou viajando, mas tenho certeza que muitas mulheres concordam comigo. Aliás, é comprovado que a maioria das mulheres toma Latte Machiatto quando vai a um café.
Em busca do perfeito pingado, o jornal Tagesanzeiger contratou dois baristas conceituados de Zurique: Kurt Bauer e Armin Luginbühl. Eles tiveram a árdua tarefa de degustar Latte Machiattos em seis cafés diferentes no centro da cidade e classificá-los.
A reportagem é do dia 27 de maio de 2009. A classificação foi a seguinte:
Schwarzenbach, Münstergasse 17, 5.40 francos, 87 pontos
Belcafé, Bellevue, 5.70 francos, 77 pontos
La Stanza, Bleicherweg10, 5 francos, 76 pontos
Sprüngli, Pareplatz, 7.00 francos, 69 pontos
Infinito, Sihlstrasse 20, 5.80 francos, 51 pontos
Schober, Napfgasse 4, 6.80 francos, 49 pontos
Além da temperatura, sabor e qualidade do café foram avaliados o serviço do local e a aparência da bebida.
Bom, eu conheço a maioria dos locais acima e concordo com o que li na reportagem. Nela é dito, por exemplo, que o machiatto do Infinito tem muito leite e que o da Sprüngli também, mas é coisa linda. No Schober eu nunca provei, pois quando vou lá é para exagerar nos doces e não no café: peço espresso com adoçante ao lado de uma imensa torta de chocolate. Ridículo, não? Mas qual mulher nunca fez isso? Os especialistas dissseram que o machiatto lá deixa um gosto de pelica na boca.
Adoro o ambiente do Schwarzenbach, com sua cara e cheiro de espresso, sofisticadíssimo.
E por essa razao acabo ficando no cafezinho quando passo por ali. Acredito que o machiatto deles deve ser muito bom, mas acho um pecado misturar qualquer coisa no café naquele lugar totalmente especializado em grãos de café. Evito até o açúcar.
A reportagem não citou o Starbucks, pioneiro e especialista em misturar café com todos tipos de leite, cremes e sabores. Apesar do copo ser imenso, o machiatto deles é uma delícia e você pode criar o seu "drink" do jeito que quiser. Fora isso, meu Chris, que também entende de café, continua defendendo "o pingado chique" da rede americana como o melhor do gênero: pela qualidade do café, temperatura do leite e a consistência da espuma.
Então, alguém aceita um cafezinho? Ou melhor, um cafezão...
Magda Hammer (Zurique, Suíça)
quinta-feira, 18 de junho de 2009
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Okuribito, Departures
Colocando em palavras a idéia parece muito estranha, quase macabra, é preciso assistir para entender a poesia, emoção e beleza deste filme. Comovente, sem ser apelativo ou piegas. Profundo, sensível e humano, nos leva a uma viajem sem precedentes à cultura japonesa. Para mim o grande mérito de Okuribito é a simplicidade. Não há nada de grandioso ali, a fotografia não é monumental, nada da beleza colorida dos filmes asiáticos, a música não é originalissima, Beethoven e Bach nas suas mais tradicionais sinfonias. Mas no todo o filme funciona, exatamente como uma perfeita sinfonia. Prova de que não é preciso recursos milionários, grandes produções ou alta tecnologia para se construir uma grande obra cinematográfica.
Imperdível! Sua forma de pensar sobre a morte não será mais a mesma!
Cristina Pereira (Zurique, Suíça)
A bela obra de Rodrigo Leão, Thaís Aguiar
Em 1985, Rodrigo, Pedro Ayres Magalhães e Gabriel Gomes criaram o Madredeus. Em 1994, Rodrigo deixou o grupo para dar sequência a carreira solo que já dava bons frutos. Desde esta data, segundo a mídia especializada, a obra de Rodrigo tem surpreendido a cada lançamento. Em 2004, por exemplo, lançou o álbum "Cinema", considerado pela conceituada revista Billboard um dos melhores discos do ano. Neste trabalho participaram Beth Gibbons (conhecida como vocalista da banda Portishead) e Ryuichi Sakamoto (figura de destaque na área, muito também por trilhas sonoras de importantes filmes).
Rodrigo Leão é um artista que vale conhecer e se render as suas sensíveis e ricas composições que estimulam o nosso imaginário!
rodrigo leão - voltar
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sábado, 6 de junho de 2009
"Para além de livros, planos e provas", Miriam Vizentini
Vamos lá, não é difícil, não ! Deixe aflorar suas certezas e dúvidas, mágoas, agradecimentos, frustrações, saudades, boas recordações, traumas...
Como professora, ultimamente, tenho feito essa pergunta a mim mesma também - e agora convido você a pensar ... vamos lá !
(... tempo para pensar na sua história ...)
Agora, acrescente à sua reflexão a seguinte situação: este professor tem em sua sala de aula, nos subúrbios de uma grande cidade, alunos provenientes de diferentes classes sociais.
Coloque mais um elemento, por favor: esses jovens têm origens diversas, culturalmente falando – idioma, costumes, valores, religião, crenças - além de suas diferentes expectativas em relação à escola, incluindo medos, dúvidas, indiferença, raiva, desinteresse, descrença ...
Ah sim, tudo isso na ebulição da adolescência, com seus questionamentos sobre tudo, sua indisciplina, seus problemas de aprendizagem ...
Depois dessa reflexão, assista ao filme: La classe – entre les murs (The class / Entre os muros da escola - Palma de Ouro no Festival de Cannes 2008). Digo depois de refletir porque, assim, o efeito será bem mais interessante.
Não se trata exatamente de um documentário, mas também não deixa de sê-lo parcialmente, uma vez que os atores representam a si mesmos, neste trabalho do diretor francês Laurent Cantet, baseado no livro “semiautobiográfico” do professor François Bégaudeau – que além de representar François Marin, o professor, colabora no roteiro ao lado de Cantent e de Robin Campillo.
O professor da tela aparece bem intencionado, mas completamente perdido. Seu bem-estruturado programa a ser cumprido, seus pressupostos educacionais arraigados, suas expectativas quanto a seu papel vão caindo por terra e assistimos a um desmoronar de mitos. O que para ele é diálogo aberto, para os alunos cheira a obrigação. Ele oscila, sem limites, entre o ser compreensivo e autoritário. As informações, o conhecimento por ele considerado como “essencial” é algo quase hermético ao entendimento dos jovens - ironicamente estão numa classe de língua e literatura francesa, onde o idioma está longe de ser o elemento facilitador da comunicação, mas passa a ser o ponto de discórdia e distanciamento, entre os dois lados de um verdadeiro front.
E seguimos as reuniões de professores perplexos diante de situações incômodas e problemas com seus alunos, as discussões sem encontrar saídas para os problemas apresentados, seus conflitos e frustrações, sua escancarada condição de humanidade (caem quaisquer possíveis posições de “endeusamento”). Seguem-se também alguns acontecimentos envolvendo pais quase inatingíveis, enfim, tudo o que se pode observar, em maior ou menor intensidade, nas escolas do nosso mundo “globalizado”, a mesma problemática, esteja a classe na periferia de Paris, Zurique, Nova York, Roma, ou no eixo Rio-São Paulo.
Saímos do cinema com a certeza de que a escola, nos moldes como está estruturada, de certa forma agoniza, despe-se de suas certezas.
E é aí que reside o melhor do filme – e o diferencia de filmes já realizados envolvendo este mesmo tema (“professor x classe difícil”): na tomada de consciência da dificuldade de lidar com todas essas diferenças dentro da escola. Fica clara a atual incapacidade de professores - e pais - de gerenciar tantas variáveis. Nitidamente vê-se que é preciso reformular o que se acredita ser o trabalho educacional, os regulamentos, a organização, os pressupostos teóricos, enfim repensar a escola para a nova realidade – e fazê-la ir além dos livros, programas e provas.
O desafio de trabalhar com crianças e jovens em classes ditas multiculturais e de periferia é imenso. Tenho acompanhado de perto a batalha diária de vários bem-intencionados professores suíços de Zurique, na busca de levar suas turmas a se harmonizar aos moldes vigentes e percebo como muitas vezes sentem-se desorientados. Tenta-se aliviar algumas tensões ao buscar os professores de língua e cultura materna como mediadores culturais, para explicar aos alunos as regras da escola e o que se espera deles, para esclarecer as possíveis diferenças de ensino e nomenclatura (por exemplo, na matemática), orientar os pais que não dominam o idioma a entender as expectativas da escola quanto ao papel dos pais e vice-versa, procurando dar um pouco mais de segurança nos primeiros meses de escola a aluno, professor e pais. Despende-se muita energia para algum resultado, muitas vezes, não se evita a frustração de todos – mas já é um começo.
"Migração Feminina na Suíça", Cristina Pereira
Infelizmente, a opinião pública e política sobre estas mulheres é ainda bastante negativa. Elas são vistas como não educadas, indivíduos para os quais a migração é o único meio de melhorar sua condição de vida e de sua famílias, como vítimas de exploração e pobremente integradas.
O projeto de pesquisa liderado por Dra. Yvonne Riaño e Prof. Doris Wastl-Walter e financiado pelo Swiss National Foundation através de um NFP 51 (Nationales Forschungsprogramm-Integration und Ausschluss) com orçamento de mais de 300.000 francos, busca chamar a atenção para a inadequação destas generalizações e das políticas de imigração que elas geram. O estudo quer trazer à tona a idéia que imigrantes mulheres são diversas em termos dos seus países de origem, nível educacional, seu padrão de vida no país de origem, religião, background rural ou urbano, razões para e experiências com a migração e os direitos que apresentam na Suíça de acordo com seu status de residência e nacionalidade.
Um dos focos principais do estudo são os processos de migração, integração e exclusão social de imigrantes qualificadas, raramente consideradas em estudos sociais anteriores, que geralmente dão mais atenção às imigrantes não qualificadas, oriundas de condições econômicas e sociais precárias. A pesquisa inclui mulheres Latino-Americanas e do Oriente Médio, de religião Cristã e Muçulmana, consideradas qualificadas (com educação secundária completa) e altamente qualificadas (com educação superior completa).
Os resultados mostram que, ainda que estas mulheres tenham nível educacional muito bom, freqüentemente com experiência profissional anterior à migração, e que dominem a nova língua, somente uma minoria é capaz de obter emprego de acordo com as suas qualificações na Suíça.
Outro resultado interessante do estudo revela que as imigrantes não aceitam passivamente as condições desfavoráveis que encontram na Suíça. Elas mobilizam seus recursos pessoais para facilitar seu acesso ou para melhorar suas chances de participar do mercado de trabalho. As estratégias e respostas ao desafio na participação no mercado de trabalho incluem requalificação, tomada de empregos abaixo do seu nível de qualificação, criação de novos networks e realização de trabalho voluntário não remunerado em organizações sociais e políticas.
O estudo aponta para conceitos discriminatórios embebidos tanto nas leis de imigração na Suíça, quanto na mentalidade dos empregadores. Em particular a subvalorização das qualificações pessoas e educacionais das imigrantes não-Européias, e atitudes patriarcais da sociedade quanto ao seu papel na criação dos filhos. Estes fatores combinam-se para produzir oportunidades desiguais de acesso ao mercado de trabalho. Imigrantes qualificadas não enfrentam apenas barreiras em aplicar seus recursos educacionais na sociedade Suíça, mas também são confrontadas com a desvalorização de seu trabalho e experiência, perda de confiança e de autonomia.
As pesquisadoras concluem que se a Suíça quiser se beneficiar do capital social e cultural que as imigrantes qualificadas trazem ao país, é necessário reconhecer que a qualificação não é uma garantia automática para a integração sócio-econômica, sendo necessário o desenvolvimento de programas que suportem a transferência e a re-acreditação deste capital. Estes programas têm que necessariamente levar em consideração fatores específicos como sexo e etnia que dificultam o acesso de imigrantes qualificadas ao mercado de trabalho.
Para saber mais sobre este trabalho interessantíssimo, e que muito nos diz respeito, visite o site das pesquisadoras na Universidade de Berna:
http://www.giub.unibe.ch/sg/immigrantwomen
ou leia o artigo : Understanding the Labour Market Participation of Skilled Immigrant Women in Switzerland: The Interplay of Class, Ethnicity and Gender. Journal of International Migration and Integration, vol 8, 2, pp 163-183 - que pode ser acessado em pdf através do site:
http://www.springerlink.com/content/y42r088803q1g0hu/
Ciao Itália, Andréa Cocchiarale
Antes de embarcar, pesquisei um pouco sobre a cidade e a região e descobri que estava prestes a entrar em uma máquina do tempo, uma vez que os primeiros dados sobre a cidade datam de 310 a.C.
Perúgia foi uma das cidades pertencentes à Etrúria, região formada por doze cidades civilizadas que tiveram grande influência sobre os romanos. Os Etruscos (nome dado aos habitantes que se instalaram nesta região entre os anos 1200 e 700 a.C.) podem ter sido originários da Ásia Menor assim como da própria Itália e sua língua utilizava um alfabeto similar ao grego.
A cidade até hoje conserva uma grande quantidade de antiguidades, dentre as quais suas muralhas medievais, portas de proteção, sepulturas, inscrições etruscas e latinas. O mais interessante foi andar em uma cidade subterrânea sem janelas e quase nenhuma iluminação natural. Fiquei imaginando como deve ter sido viver em um grande buraco debaixo da terra com somente algumas portas de acesso ao mundo exterior... Impressionante!
A cidade também se destaca por suas duas universidades: a Universidade de Perúgia (Università degli Studi di Perúgia), fundada no século XIV, e a Universidade para estrangeiros (Università per Stranieri di Perúgia), fundada em 1921, com o objetivo de promover a região da Úmbria — bem como sua história e cultura — para o mundo.
Onde fazer agroturismo?
Azienda Agricola Olivum: Poggio Pelliccione 5, I-06134 Perúgia
Apartamentos mobiliados de temporada com dois quartos, sala, cozinha e banheiro equipado para deficientes físicos.
Preço: Baixa temporada (1 Janeiro – 30 Junho e 1 Setembro – 31 Dezembro): 440 Euros por semana
Alta temporada (1 Junho – 31 Agosto): 490 Euros por semana
Atrações: Produção de vinho tinto Cabernet Sauvignon e azeite de oliva Extra Vergine.
Detalhes: Visite o site: http://www.prolivum.com/englishIndex.htm (inglês, italiano e alemão)
Em setembro de 1997, um terremoto atingiu Assisi e danificou a basílica (uma parte to teto caiu). Ela permaneceu fechada por dois anos para restauração. Além da Basílica de São Francisco, a cidade possui outras atrações turísticas como a Basílica de Santa Chiara, Chiesa Nuova, Basílica de Santa Maria degli Angeli, Eremo delle carceri e Castelo Rocca Maggiore.
Região: Úmbria Altitide: 490 metros acima do nível do mar População: aproximadamente 150 mil habitantes
Matéria publicada na revista Panorama do Turismo.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Albert von Keller na Kunsthaus - Um retrato feminino do início do século XX.
O suíço Albert von Keller pintou senhoras, mães, Femmes Fatales, bruxas, deusas da mitologia e idolatrava tanto a figura feminina que a pintou até crucificada, no lugar de Jesus Cristo.
O ambiente é o da Belle Époque: suas musas aparecem envolvidas em tecidos caros, nuas, ou em vestidos luxuosos - sentadas num divã ou dançando em imensos salões.
Mas a principal característica de Von Keller é tentar mostrar a alma dessas mulheres em suas pinturas. Elas parecem estar em transe, sonhando, hipnotizadas e hipnotizantes. Assim, seus quadros eram mais impressões psicológicas do que retratos fiéis.
A exposição “Albert von Keller: Salons, Séancen, Secession“ está na Kunsthaus até o dia 04/10/2009, às quartas-feira a entrada é franca, nos outros dias a entrada custa Fr 14.-.
Kunsthaus Zürich, Heimplatz 1
De sábado a terça 10–18 Uhr
De quarta a domingo 10–20 Uhr
http://www.kunsthaus.ch/
quinta-feira, 4 de junho de 2009
“As pessoas não precisam estar mais bem-vestidas. Precisam ser melhores”
Leia a seguir trechos da entrevista de Jum Nakao, realizada e publicada pela revista Almanaque Brasil de Cultura Popular - edição de maio/09.
Como funciona o Floresta Móbile?
É um projeto grande, desenvolvido no mundo todo. Eu trabalho com uma comunidade carvoeira na Amazônia. Produzimos móveis com resíduos de madeiras que seriam queimados. Na contramão da antiga Revolução Industrial, partimos para a “revolução humana”. Resgatamos o valor de como é feito, não do que é feito. Se um saber está sendo aplicado, a natureza ganha fôlego para o reflorestamento. Queimando, se acaba com algo como um Estado de São Paulo por dia. Colaborar, dar vida, animar – no sentido de dar alma a coisas inertes – exigem um tempo diferente do da destruição. Jogar uma bomba é rápido, reconstruir demora. A proposta é que essas comunidades se dediquem a construir, não a destruir. Se esses projetos não derem certo, elas vão voltar a destruir. Por isso é muito importante que a sociedade compre a ideia, e não somente no plano filosófico.
Leia na Integra a entrevista no Almanaque Brasil de Cultura Popular