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sábado, 5 de março de 2011

Uma nova (H)era

…e viveram felizes para sempre…

Sim, porque descobriram que a vida é boa também quando compartilhada. Porque tinham uma casa aconchegante pra onde voltavam todo fim do dia, que às vezes os esperava com música e atividade e cheiro de cebola fritando na panela ou pão assando no forno; e às vezes com silêncio e tranquilidade; e às vezes também vazia, onde podiam ter um lugar só pra si e curtir a liberdade e a solidão.

E foram felizes porque aprenderam e descobriram muitas coisas juntos. Muitos filmes, muitas músicas, muitos lugares. Porque fizeram muitas viagens, e se divertiram e descobriram, e se descobriram em cada uma delas.
Porque cresceram e mudaram juntos, e a vida nem sempre foi rotina, mas quando foi, foi aquela que trouxe segurança, confiança e a estabilidade das coisas que permanecem. Porque riram e foram rabugentos todos os dias. Porque choraram às vezes, se deseperaram às vezes e ficaram muito tristes às vezes, e nestes às vezes tiveram aquela sensação de ser um pouco mais fortes porque tinham um ao outro.

Foram felizes porque se entendiam, falavam a mesma língua, e falavam três linguas diferentes. E riram de novo, riram muito dos erros do outro aprendendo a nova língua. Concordavam e combinavam em uma infinidade de coisas e não combinavam e discordavam em tantas outras, e nestas ouve respeito ainda que não necessariamente a compreensão.

Os dois cuidaram e deram atenção, amor e segurança, às vezes mais, às vezes menos. Um cedeu mais e aceitou mais e relevou mais...o outro menos. Um exigiu mais, complicou mais, brigou mais... o outro menos, porque eram diferentes, mas complementares.

Foram felizes porque dividiram, dividiram as conquistas, as alegrias, os problemas, as indignações, as frustações. A limpeza e a organização da casa, as contas, as compras, as plantas, os filhos.

E foram felizes também porque somaram, somaram as expêriencias, a cultura, o conhecimento, os salários, a pensão, os livros, as famílias, os amigos.

Foram felizes porque tomaram café da manha sempre juntos nos fins de semana. Fizeram sempre pequenas surpresas, e trouxeram flores pra casa. Prepararam a escova de dente para quem escovava os dentes por último. Foram felizes porque deixaram mensagens de amor no espelho, no prato da comida, porque dançaram na cozinha, e passaram domingos vendo TV embaixo das cobertas, e mantinham a cama quentinha para aquele que deitava mais tarde, e cuidaram para não fazer barulho e não acordar o que gostava de dormir até mais tarde.

Foram felizes por que às vezes falavam muito e às vezes ficavam em silêncio, porque apreciavam as diferencas e se orgulhavam e admiravam um ao outro.

E viveram felizes para sempre, porque souberam aceitar a mutabilidade da vida e dos sentimentos, e que o amor de ontem jamais será como o amor de hoje e jamais como o amor de amanha. E nas transformações e revelações deste amor descobriram que uma coisa nunca mudava, a certeza de que a vida era tão boa quando compartilhada... como já dizia a incrição daquelas alianças no dia em que se comprometeram a correr o risco de viverem felizes para sempre: "it's always better when we are together".

Nesta fábula de amor moderna e realista qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais não é pura coicidência. Inspirada na vidinha comum de Robert e Cristina, que, are always better together.

Cristina Pereira – Wintethur, Suíça

2 comentários:

Marge Oppliger disse...

Querida Cris
que privilégio ter participado da descoberta desta New Hera...
Aprendemos na convivência!
carinho

Thais Aguiar disse...

Que lindo relato! Que lindo olhar! Cheio de amor, quando toca, quando escreve, quando expressa! E o mais lindo de tudo isso é se identificar com um texto tão belo e perceber que há, em casa, algo tão acolhedor e semelhante como este. Um ninho inspirador!