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sábado, 19 de dezembro de 2009

Rituais - Cecília Zugaib

Desde um tempo venho sentindo vontade de ter rituais na minha vida. Não frequento a igreja aos domingos, não faço nenhuma refeição em família, não vou a salão de beleza. Vivo nesse mundo moderno, onde virou ritual correr para todos os lados, dormir mal, tomar café na frente do computador, atualizar diariamente o “status” no facebook, twitter, orkut. Será que quero tudo isso para o meu cotidiano?
Rituais acompanham o ser humano desde o seu surgimento. Tente imaginar uma sociedade sem cerimônias…Não existe. De alguma forma, seja de manifestação religiosa ou não, esssas regras vêm nos acompanhando, nos moldando à sociedade a qual pertencemos, pre-determinando até valores que nos seguem para toda vida. Batismo, casamento, festinha de aniversário, churrasco em família, o cinema às segundas, o banho, a posse do novo presidente, a troca da guarda da rainha, os beijos no rosto como forma de saudação. É de pirar a quantidade de rituais que cumprimos cada dia.
No entanto, os rituais que estou sentindo falta no meu cotidiano são os que trazem bons fluidos, que simbolizem energia positiva e o bem-estar da mente, do momento presente. Juro de pé junto que não sou mística, exotérica, religiosa. Mas ultimamente tenho notado um enorme negativismo nos ambientes que me cercam. No trabalho, cada um fala mal do outro, tenta trapacear o próximo. Entre amigos, poucos são os que parecem satisfeitos com a vida do jeito que ela é. Há sempre mil coisas ruins para uma boa. No ambiente público, parece que as pessoas são incapazes de ter um gesto de solidariedade, de gentileza, de boa educação.
Eu certamente não quero essa eterna insatisfação, esse incansável reclamar, nem pra mim nem para ninguém. Decidi escapar da bolha do mau humor. Comecei a convocar amigos e família para fazer uma corrente positiva num dia da semana. Incensei a casa. Acendi vela pra São Cosme e Damião. Coloquei sal grosso atrás da porta, e o mais importante de tudo: decidi prestar atenção aos meus atos e trabalhar a mente, ser positiva. Vocês estão ai pensando: a) a idade das pessoas é diretamente proporcional ao grau de misticismo; b) yo no creo en brujas pero que las hay, las hay; c) minha filha, você é baiana e todo baiano tem um pé no candomblé, nega; d) coitada, ficou maluca.
Também podem estar se perguntando: e o que o Natal tem a ver com tudo isso? Se pudesse ouvir a sua resposta, colocaria no ar a pergunta: que tipo de ritual é o Natal para você? O que ele representa? Para mim, o Natal é puro simbolismo. É a época de estar em família, de refletir sobre o ano – sucessos e fracassos. Época de fazer planos para o ano que vem e de avaliar formas de me tornar uma pessoa melhor. Claro, tudo isso deve ser feito o ano inteiro, mas é nessa época que consigo achar esse tempo para mim e pensar nos pequenos detalhes que fazem a grande diferença.
Decidi espantar os maus costumes, acolher novos e melhores comportamentos mentais. 2010 vai ser o nosso ano! Espero que você também tome o Natal e faça uma reflexão sobre a sua vida, a sua maneira de pensar e agir. Já que tudo é energia, porque não pensar positivo, agir com determinação? Cito uma amiga, que ao ser questionada com desdém pela professora de inglês que a havia reprovado, se ela achava que ela teria condição de passar para o próximo nível do curso, respondeu com atitude: “I think and I can”. Feliz Natal!

Cecília Zugaib - Zurique, Suíça

Um comentário:

Milena Schauble disse...

Natal e isso mesmo. E tempo de refletir os acontecimentos do ano que passou, pra poder melhor viver o presente e assim modificar (se necessario) as nossas atitudes no ano seguinte. E nada melhor do que ter a familia e/ou pessoas queridas, com energia positiva por perto. Que Deus e todos os Santos da nossa querida Bahia te guiem em 2010 e sempre.