Um dos trabalhos mais conhecidos do artista belga Luc Tuymans é Gas Chamber. Na pintura a óleo de 1986, feita apenas com tons de preto e marrom, vê-se parte de uma sala vazia, com um ralo comum no chão do recinto. Poderia ser um lugar qualquer, mas, como o título nos revela e aos poucos reconhecemos, trata-se de uma câmara de gás usada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Guardadas as devidas proporções — Tuymans é uma das grandes referências para os pintores hoje — há certa semelhança entre a obra do expoente europeu e as cinco pinturas que Rafael Carneiro apresenta no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo.
Nas criações do jovem paulistano, o que predomina também é o caráter inócuo dos ambientes retratados. Os trabalhos mostram espaços neutros, tanto pelas cores desbotadas com que são representados quanto pelo caráter impessoal, que remete a galpões de fábricas, laboratórios científicos e hospitais desativados. São imagens desgastadas, captadas por câmeras de segurança — daí o recorrente ponto de vista aéreo —, e transformadas antes em fotografias, para depois serem transpostas para as telas. Têm ainda baixa definição, como se estivessem sendo observadas através de monitores de computador.
É justamente em torno desse contraste entre a qualidade da cena registrada por esses equipamentos de vigilância e a qualidade pictórica que se espera de uma tela que o trabalho de Carneiro se articula. Por um lado, nos deparamos com algo de finalidade prática: a proteção. Por outro, encontramos um pedido para uma contemplação estética. E, ao fazer coincidir essas duas coisas numa só obra, Carneiro engrossa o coro de artistas que se perguntam hoje: como e o que produzir diante de uma sociedade em que a imagem aparece absolutamente banalizada pela televisão, pela internet e por todo tipo de publicidade (para não ficarmos apenas nas câmeras de segurança)? Seria a arte capaz de restituir alguma densidade à experiência visual?
Como Rafael, nascido em 1985, outros nomes olham para essa questão atualmente. Ana Prata, para citar um dos artistas que vão expor no Centro Maria Antonia neste segundo semestre, também usa fotos como ponto de partida para suas pinturas. Mas seus registros, retrabalhados no ateliê, ganham complexidade na tela. Outro exemplo é Fabio Flaks, cujos desenhos recentes têm o tamanho de pôsteres. Carneiro, portanto, não está sozinho na busca por uma saída contra a saturação de imagens do mundo atual.
Nas criações do jovem paulistano, o que predomina também é o caráter inócuo dos ambientes retratados. Os trabalhos mostram espaços neutros, tanto pelas cores desbotadas com que são representados quanto pelo caráter impessoal, que remete a galpões de fábricas, laboratórios científicos e hospitais desativados. São imagens desgastadas, captadas por câmeras de segurança — daí o recorrente ponto de vista aéreo —, e transformadas antes em fotografias, para depois serem transpostas para as telas. Têm ainda baixa definição, como se estivessem sendo observadas através de monitores de computador.
É justamente em torno desse contraste entre a qualidade da cena registrada por esses equipamentos de vigilância e a qualidade pictórica que se espera de uma tela que o trabalho de Carneiro se articula. Por um lado, nos deparamos com algo de finalidade prática: a proteção. Por outro, encontramos um pedido para uma contemplação estética. E, ao fazer coincidir essas duas coisas numa só obra, Carneiro engrossa o coro de artistas que se perguntam hoje: como e o que produzir diante de uma sociedade em que a imagem aparece absolutamente banalizada pela televisão, pela internet e por todo tipo de publicidade (para não ficarmos apenas nas câmeras de segurança)? Seria a arte capaz de restituir alguma densidade à experiência visual?
Como Rafael, nascido em 1985, outros nomes olham para essa questão atualmente. Ana Prata, para citar um dos artistas que vão expor no Centro Maria Antonia neste segundo semestre, também usa fotos como ponto de partida para suas pinturas. Mas seus registros, retrabalhados no ateliê, ganham complexidade na tela. Outro exemplo é Fabio Flaks, cujos desenhos recentes têm o tamanho de pôsteres. Carneiro, portanto, não está sozinho na busca por uma saída contra a saturação de imagens do mundo atual.
Thais Rivitti para revista BRAVO
A EXPOSIÇÃO Rafael Carneiro. Centro Universitário Maria Antonia (rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, São Paulo, SP, tel. 0++/11/3255-7182). Até dia 16. De 3ª a 6ª, das 10h às 21h; sáb., dom. e feriados, das 10h às 18h. Grátis.
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