Woodstock tornou-se o principal festival da história da música pop ao reunir no mesmo palco Jimi Hendrix, The Who, Janis Joplin, Joan Baez (grávida de seis meses) e dezenas de artistas que se apresentaram para cerca de 400 mil pessoas. Mas não era para ser assim.
Woodstock foi planejado pelo produtor Michael Lang para ser "apenas" uma celebração hippie, uma festa com algumas bandas e um público modesto. Mas fatores diversos, como o recrudescimento da Guerra do Vietnã e a mobilização em torno de direitos civis nos EUA, por exemplo, ampliaram o apelo popular do festival.
"Fiquei amigo do Michael Lang e ele me contou que o festival teve um grau de improvisação muito grande", diz Roberto Medina, produtor do Rock in Rio, à Folha. "Ele iria fazer uma festa, mas a coisa foi crescendo, foram convidando mais gente, até que eles tiveram que buscar um lugar grande, uma fazenda, para montar o evento. Ninguém ali sabia que ia ser algo daquela dimensão."
A maior parte do público pagou US$ 18 (cerca de R$ 35) para assistir a 32 apresentações entre 15 e 17 de agosto de 1969 --mas um número considerável de gente "pulou a cerca" da fazenda de Bethel (Nova York).
Mesmo sob tempestade e lama, enfrentando engarrafamentos e com estrutura mínima, o público comportou-se de acordo com o lema hippie "paz e amor".
Crítico do "New York Times", Jon Pareles esteve em Woodstock e contou no jornal, dias atrás, suas impressões sobre o evento (na época ele não trabalhava na publicação): "Woodstock deu a praticamente todos os envolvidos --público pagante, gente que invadiu o evento, músicos, médicos, polícia-- um senso de troca de humanidade e cooperação. Durante aquele fim de semana, as pessoas trataram as outras com gentileza".
Após 40 anos, Woodstock continua sendo parâmetro para os principais festivais de música do mundo. "Woodstock uniu música, cultura e contestação politica e marcou uma geração. Apesar de ter sido feito de forma muito precária para os padrões atuais, foi a única coisa boa que a Guerra do Vietnã deixou. O conceito de paz, amor e música está no inconsciente, ou consciente, de todo festival de música produzido desde então", afirma Luiz Oscar Niemeyer (produtor de shows de Radiohead, U2, Rolling Stones).
Do Who iniciando show às 4 da manhã e tocando "My Generation" a Hendrix quebrando as cordas da guitarra em "Red House", Woodstock foi o ápice terreno da utopia hippie. Quatro meses depois, o sonho morreria no Altamont Festival, onde um homem foi assassinado pelos Hell's Angels (que faziam a segurança do evento) durante show dos Rolling Stones.
Documentário
Um dos principais legados do festival é o excelente "Woodstock", que ganhou o Oscar de melhor documentário em 1971. O filme, dirigido por Michael Wadleigh, ganha lançamento no Brasil em uma caprichada caixa com três DVDs.
Nos EUA, Michael Lang contará os batidores do evento em "The Road to Woodstock".
Em janeiro do ano que vem, chega aos cinemas brasileiros "Aconteceu em Woodstock", de Ang Lee, baseado em livro homônimo, de Elliot Tiber e Tom Monte, que está nas livrarias. Espécie de "biografia falada" do festival, "Woodstock", de Peter Fornatale, engrossa a lista de produtos relacionados ao evento.
THIAGO NEY da Folha de S.Paulo
Woodstock foi planejado pelo produtor Michael Lang para ser "apenas" uma celebração hippie, uma festa com algumas bandas e um público modesto. Mas fatores diversos, como o recrudescimento da Guerra do Vietnã e a mobilização em torno de direitos civis nos EUA, por exemplo, ampliaram o apelo popular do festival.
"Fiquei amigo do Michael Lang e ele me contou que o festival teve um grau de improvisação muito grande", diz Roberto Medina, produtor do Rock in Rio, à Folha. "Ele iria fazer uma festa, mas a coisa foi crescendo, foram convidando mais gente, até que eles tiveram que buscar um lugar grande, uma fazenda, para montar o evento. Ninguém ali sabia que ia ser algo daquela dimensão."
A maior parte do público pagou US$ 18 (cerca de R$ 35) para assistir a 32 apresentações entre 15 e 17 de agosto de 1969 --mas um número considerável de gente "pulou a cerca" da fazenda de Bethel (Nova York).
Mesmo sob tempestade e lama, enfrentando engarrafamentos e com estrutura mínima, o público comportou-se de acordo com o lema hippie "paz e amor".
Crítico do "New York Times", Jon Pareles esteve em Woodstock e contou no jornal, dias atrás, suas impressões sobre o evento (na época ele não trabalhava na publicação): "Woodstock deu a praticamente todos os envolvidos --público pagante, gente que invadiu o evento, músicos, médicos, polícia-- um senso de troca de humanidade e cooperação. Durante aquele fim de semana, as pessoas trataram as outras com gentileza".
Após 40 anos, Woodstock continua sendo parâmetro para os principais festivais de música do mundo. "Woodstock uniu música, cultura e contestação politica e marcou uma geração. Apesar de ter sido feito de forma muito precária para os padrões atuais, foi a única coisa boa que a Guerra do Vietnã deixou. O conceito de paz, amor e música está no inconsciente, ou consciente, de todo festival de música produzido desde então", afirma Luiz Oscar Niemeyer (produtor de shows de Radiohead, U2, Rolling Stones).
Do Who iniciando show às 4 da manhã e tocando "My Generation" a Hendrix quebrando as cordas da guitarra em "Red House", Woodstock foi o ápice terreno da utopia hippie. Quatro meses depois, o sonho morreria no Altamont Festival, onde um homem foi assassinado pelos Hell's Angels (que faziam a segurança do evento) durante show dos Rolling Stones.
Documentário
Um dos principais legados do festival é o excelente "Woodstock", que ganhou o Oscar de melhor documentário em 1971. O filme, dirigido por Michael Wadleigh, ganha lançamento no Brasil em uma caprichada caixa com três DVDs.
Nos EUA, Michael Lang contará os batidores do evento em "The Road to Woodstock".
Em janeiro do ano que vem, chega aos cinemas brasileiros "Aconteceu em Woodstock", de Ang Lee, baseado em livro homônimo, de Elliot Tiber e Tom Monte, que está nas livrarias. Espécie de "biografia falada" do festival, "Woodstock", de Peter Fornatale, engrossa a lista de produtos relacionados ao evento.
THIAGO NEY da Folha de S.Paulo
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