Tudo tem seu fim. Não há como fugir desse fato. Até a Integra tem seu fim.
Ao ler o email que anunciava o fim desse trabalho, no qual tanto amei fazer parte, fui invadida por uma imensa tristeza. As meninas têm toda a razão. Não só elas estão ocupadas com as suas vidas, mas também a rotina das colaboradoras, mudou. Isso levou à decisão de por um ponto final no trabalho que vínhamos desenvolvendo, de levar a nossa voz e a experiência de viver fora do nosso país aos leitores mundiais, conhecidos ou não. De discutir temas banais—como a falta que as manicures brasileiras nos fazem, até assuntos polêmicos—política, direitos das mulheres, etc. Tudo tem seu fim.
Volta e meia algum amigo me perguntava: "E a Íntegra?", "Você ainda faz parte?", "Nunca mais li nada.", "Adoro os textos". Isso enchia meu peito de orgulho. Percebia que alguém do outro lado me ouvia, sentia o mesmo, se incomodava com algo. Havia alguma reação.
Que sensação boa poder compartilhar com vocês algo que eu me dava conta, que me emocionava ou também me abismava.
Como somos um grupo de amigos, percebia também facetas desconhecidas das pessoas que conheço tão bem. Parecia até que a cumplicidade de alguma forma aumentava. Que aprendizado! Tudo tem seu fim.
Com a minha pouca, mas intensa experiência de vida, aprendi que realmente é preciso fechar ciclos, desapegar, jogar a energia para o cosmo, como diz Karin. Parece que a vida não consegue progredir até que você tome consciência total da brevidade das coisas e esteja aberta ao novo, a uma outra etapa, a diferentes desafios. Negar-se a enxergar a realidade, querer perpetuar o passado infelizmente não funciona. Já mudei 10 vezes de cidade, 6 de país. Tive a infelicidade de perder pessoas muito próximas nos últimos anos. Sofri uma grande desilusão porque um ciclo acabou. Até o momento que eu não estava "afim" de encarar a nova fase, nada melhorou. A partir do dia que achei força dentro de mim para fechar a porta do passado e abrir a do presente com passe ao futuro, encontrei beleza e força. Nada com a habilidade de regeneração do ser humano. Tudo tem seu fim.
E sim, que triste, que nem eu vou escrever mais aqui nem vocês vão me ler daí. Mas, que bom que pudemos trocar dicas musicais, opiniões, risadas, tristezas, energia. Quem sabe um dia o ciclo não volta a se abrir? Por enquanto, é preciso dizer adeus e agradecer às minhas amigas colaboradoras, às pessoas que ajudaram e inspiraram, aos nossos leitores e principalmente à Thais Aguiar, que foi a pessoa que começou e estimulou toda essa troca. Tenho que certeza que vamos todas deixar a Íntegra como uma grande melancolia e ao mesmo tempo, com um sorriso no rosto por saber que foi tão lindo. Meu muito obrigada. Fim.
Cecilia Zugaib - Zurique, Suíça
Foto de Nei Shimada do "Fotos que eu gosto de bater"
Ao ler o email que anunciava o fim desse trabalho, no qual tanto amei fazer parte, fui invadida por uma imensa tristeza. As meninas têm toda a razão. Não só elas estão ocupadas com as suas vidas, mas também a rotina das colaboradoras, mudou. Isso levou à decisão de por um ponto final no trabalho que vínhamos desenvolvendo, de levar a nossa voz e a experiência de viver fora do nosso país aos leitores mundiais, conhecidos ou não. De discutir temas banais—como a falta que as manicures brasileiras nos fazem, até assuntos polêmicos—política, direitos das mulheres, etc. Tudo tem seu fim.
Volta e meia algum amigo me perguntava: "E a Íntegra?", "Você ainda faz parte?", "Nunca mais li nada.", "Adoro os textos". Isso enchia meu peito de orgulho. Percebia que alguém do outro lado me ouvia, sentia o mesmo, se incomodava com algo. Havia alguma reação.
Que sensação boa poder compartilhar com vocês algo que eu me dava conta, que me emocionava ou também me abismava.
Como somos um grupo de amigos, percebia também facetas desconhecidas das pessoas que conheço tão bem. Parecia até que a cumplicidade de alguma forma aumentava. Que aprendizado! Tudo tem seu fim.
Com a minha pouca, mas intensa experiência de vida, aprendi que realmente é preciso fechar ciclos, desapegar, jogar a energia para o cosmo, como diz Karin. Parece que a vida não consegue progredir até que você tome consciência total da brevidade das coisas e esteja aberta ao novo, a uma outra etapa, a diferentes desafios. Negar-se a enxergar a realidade, querer perpetuar o passado infelizmente não funciona. Já mudei 10 vezes de cidade, 6 de país. Tive a infelicidade de perder pessoas muito próximas nos últimos anos. Sofri uma grande desilusão porque um ciclo acabou. Até o momento que eu não estava "afim" de encarar a nova fase, nada melhorou. A partir do dia que achei força dentro de mim para fechar a porta do passado e abrir a do presente com passe ao futuro, encontrei beleza e força. Nada com a habilidade de regeneração do ser humano. Tudo tem seu fim.
E sim, que triste, que nem eu vou escrever mais aqui nem vocês vão me ler daí. Mas, que bom que pudemos trocar dicas musicais, opiniões, risadas, tristezas, energia. Quem sabe um dia o ciclo não volta a se abrir? Por enquanto, é preciso dizer adeus e agradecer às minhas amigas colaboradoras, às pessoas que ajudaram e inspiraram, aos nossos leitores e principalmente à Thais Aguiar, que foi a pessoa que começou e estimulou toda essa troca. Tenho que certeza que vamos todas deixar a Íntegra como uma grande melancolia e ao mesmo tempo, com um sorriso no rosto por saber que foi tão lindo. Meu muito obrigada. Fim.
Cecilia Zugaib - Zurique, Suíça
Foto de Nei Shimada do "Fotos que eu gosto de bater"
3 comentários:
Insisto:
Fases acabam, mas ciclos se transformam. Ciclos ligam o fim a um início transformado, que transforma todo o ciclo.
Eh verdade, Pati! Voce tem toda a razao. Os ciclos sao interligados e ate muitas vezes iterativos.
Lindo texto. Lindo trabalho que vocês fizeram!!
Beijo grande,
Grazi
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