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sexta-feira, 9 de março de 2012

Monsieur Lazhar no cinema

Título original: Monsieur Lazhar
Origem: Canadá
Diretor: Philippe Falardeau
Roteiro: Philippe Falardeau
Com: Mohamed Fellag, Sophie Nélisse, Émilien Néron

Baseado na peça Bachir Lazhar de Evelyne de la Chénelière, Monsieur Lazhar é um filme sensível, profundo, tocante, bonito e bom de se assistir!

A trama se passa em Québec, no Canadá, e conta a história de um imigrante argelino de meia idade – Sr. Lazhar (Mohamed Saïd Fellag) – que se apresenta para substituir uma jovem professora de Ensino Fundamental que decide dar fim a sua vida na sala de aula da escola.

O Sr. Lazhar entra, assim, abruptamente na vida deste grupo de crianças (de 11, 12 anos), em um período extremamente delicado para elas, em que a maioria, ao se deparar pela primeira vez com a morte, tenta encontrar repostas, explicações e culpados para o acontecido. Cada um a sua maneira, naturalmente! Uns sofrendo mais, outros menos, mas todos de certa maneira “tocados” pelo sentimento de perda.


Enquanto isso, sem que as crianças nem ninguém mais saiba, o próprio professor Lazhar passa, ele também, por uma experiência semelhante de perda e de busca por respostas e culpados, vivendo um tão dolorido – ou ainda maior – período de luto. Se é que se pode falar em uma medida para a dor da perda de um ser querido…

Assim, sem que nenhuma das partes esteja plenamente consciente, elas vão se ajudando, uma funcionando como o porto seguro de que a outra precisa para atravessar este momento de tormenta.

Ao contrário do que se possa imaginar, portanto, Monsieur Lazhar não é mais um daqueles filmes que mostram um professor aparentemente durão, que, não sendo aceito no princípio pela turma, consegue, por meio de seu método diferente, inovador e infalível, mudar o rumo de toda uma turma de alunos mal criados e violentos. Nada disso! A trama deste filme gira, na verdade, muito mais em torno de questões como morte, luto, culpa, abandono, compreensão, perdão, etc., do que em torno de metodologias de ensino ou de receitas infalíveis para “domar” alunos rebeldes.

Não que não haja também um certo olhar atento para o choque cultural entre as maneiras de ensinar no Québec da jovem professora Martine e na Argélia do “démodé” Professor Lazhar. Mas certamente não é este o tema central do filme.

Assim, fugindo do estilo Ao Mestre com Carinho (de 1967, e que, aliás, eu adoro e que marcou uma época, sem dúvida!), o filme de Philippe Falardeau não é uma obra de estereótipos, de papéis bem delineados e rígidos. Ao contrário, os personagens são todos bem plausíveis de “realidade”, com suas qualidades, defeitos, fortalezas e fraquezas nos sendo expostas plano a plano.

Monsieur Lazhar é, então, um filme que fala do ser humano como ele é: capaz de mentir, de sofrer, de se indignar, de amar, de perdoar, de perder, de se desesperar, de ir ao fundo do poço, de erguer a cabeça e de continuar a viver.

Lilia Lustosa - Genebra, Suíça


www.lilialustosa.com

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