Viajo porque preciso, volto porque te amo completa três meses em cartaz no Rio de Janeiro. É verdade que agora está em apenas uma sala com uma única sessão diária, mas já é mais do que muitos bons filmes conseguem. Não é fácil resistir e mais difícil é entender e/ou aceitar as “determinantes” da programação das salas. Há mais de um mês em cartaz Shrek e Eclipse, juntos, até ontem ocupavam 1.175 salas no Brasil. Com mais Encontro Explosivo e Toy Story 3, eram quatro títulos em 1764 salas, ou seja, quatro filmes ocupando mais de 80% do mercado de exibição. É no mínimo intimidador para quem tem a pretensão de produzir audiovisual no Brasil. Regulamentação como na França seria uma saída? Acho que não, mas não é sobre mercado que quero falar é sobre poesia. O filme de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz é uma brisa, suave e despretensiosa, que na voz de Irandhir Santos nos conduz em uma travessia pelo sertão de amor, esperança, realidade, sonho, solidão, sensibilidade, aridez e mais. A trilha sonora é uma diversão, como em O céu de Suely, as músicas me transportaram para o posto de gasolina, para o boteco esquecido na beira da estrada, para a faixa AM, para a poeira de outros tempos. Viajo porque preciso, volto porque te amo, ver, rever, mais uma vez, novamente, uma belezura sem fim.
Dona Maria - Rio de Janeiro - Brasil - Roda de Fiar
Nenhum comentário:
Postar um comentário