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sábado, 26 de setembro de 2009

O caminhar da vida

Sou descendente dos Wasserman que vieram de uma pequena cidade ao norte da Romênia. Creio que daquela região onde inventaram o Conde Drácula.
Os Wasserman eram ortodoxos. Tiveram duas filhas e três filhos. Todos criados sob os preceitos do judaísmo. O judaísmo não permite o aborto... Mas Clara não quis contrariar a fé dos pais e, sabendo de que seu parto traria sua morte, não hesitou na escolha... e escolheu pela vida do filho... Acabou a alegria na casa dos meus avós.
Os três filhos homens resolveram sair de casa (moravam no Rio). Cada filho seguiu seu caminho. Trabalharam, casaram, tiveram seus filhos, mas sem passar adiante os ensinamentos religiosos que haviam aprendido com os pais. Na verdade, sempre procuraram conviver entre os judeus.
Paulo, meu pai, não freqüentava a sinagoga. Meu tios, não sei.
Mais ou menos aos 12 anos, freqüentando o ginásio, eu via as minhas companheiras de colégio, muitas vezes dirigirem-se até a Igreja do Bom Jesus, munidas de velas. Elas me ensinaram que acendiam sempre uma vela para algum santo ou santa para pedir uma graça. “E funciona?”
Eu, que nunca ouvira falar em Deus, passei a ouvir que Ele existia.
Então aprendi quase sozinha, que havia Alguém a quem eu poderia recorrer em momentos de aflição...
Continuo freqüentando as casas das minhas amigas, judias, católicas, espíritas, evangélicas...
E tenho um bisneto católico!!

Margarita Wasserman é escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná

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