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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Começar aos quarenta - Tania Sturzenegger

Se você anda buscando novas formas de auto-conhecimento e exercício físico com qualidade, certamente já pensou em fazer Yoga.
Inspiradas por Madonna e outras beldades da mídia, as mulheres quarentonas andam buscando "algo mais". Talvez você tenha se perguntado seriamente se Yoga é a sua, depois daquela aula experimental em que os participantes se contorciam à exaustão. Não se desespere, tem solução. Mas deve haver tesão sim. Prazer. No exercício escolhido, no método ao qual você vai se entregar de corpo e alma. Como toda mulher.

Depois dos 40, o corpo pede mais carinho, mais atenção. E respeito. Entramos na fase da vida que Jung chama de "Individuação". Não há mais necessidade de testar o seu poder. Você já sabe que tem. E reconhece que não precisa provar nada prá ninguém. Você é. Você está se transformando naquilo que você é.

Jung dizia que a vida começa aos 40 e denominou "individuação", o tornar-se indivíduo. Aquele que não se divide. Tornar-se "si mesmo", o que nada tem a ver com individualismo. "O processo de individuação deve levar a relações coletivas mais intensas e não ao isolamento. Mas apenas depois de germinar e desenvolver-se no indivíduo, pode o novo passar ao coletivo para nele configurar uma nova forma de comportamento. Já não são mais os conflitos egóicos do desejo que nos assolam, mas as dificuldades que dizem respeito a questões fundamentais coletivas, morais, filosóficas e religiosas. Jung detectou um dos principais problemas que o homem moderno enfrenta: A perda da individualidade em favor da massificação (Fonte: Luiz Paulo Grimberg - Jung, o Homem Criativo)

Voltando ao Yoga (integração da consciência e inconsciente), podemos dizer que essa massificação ocorre em todos os seguimentos, inclusive na sala de aula. Hoje se valoriza extremamente o trabalho físico no Yoga, em detrimento de outras técnicas, como os exercícios respiratórios, que são extremamente importantes neste processo de união. Estamos prontas para contorcermo-nos por uma boa causa: o aprendizado sobre o "si mesmo", desde que não tenhamos que aviltar nossos corpos com propostas insanas, no caminho Divino do "dar à luz" a este novo ser integral.

Questione-se. Pergunte-se porque você está procurando uma escola ou um professor e o que espera encontrar. Você pensou em ficar com os músculos da Madonna? Pensou em transar durante 6 horas como Sting e Trudie? Qual a sua verdadeira motivação? Ah... suas amigas estão fazendo... mas afinal: Como se dá a mágica do corpo esbelto, saudável e flexível dos Yogues?

Você pode sim começar aos quarenta. Comece descobrindo quem é este corpo, o veículo que te trouxe até aqui, que transporta o espírito e a inteligência suprema. Ele tem muito a lhe dizer. Ouça-o e aprenda a respeitá-lo descobrindo o que ele pode fazer, até onde pode ir. Com prazer. Esqueça do conceito "no pain, no gain", aproveite e esqueça também o "Winner and Looser". Não se deixe intimidar por professores que preconizam horas euxaustivas de tortura e dietas restritivas. Isso não é Yoga, é apenas radicalismo, obssessão. Não, você não precisa sair correndo e comprar uma passagem para a Índia, começar a usar turbante e a declamar poemas em Sânscrito. Você tem uma identidade cultural ocidental. E se a Índia está na moda, o Brasil também está.

Cada ser é único em si mesmo. Seu corpo conta sua história. Nem todos vão encostar a cabeça no pé. Não é disso que trata o Yoga. Você vai sim aprender a cultivar novos hábitos, mais saudáveis. Como limpar seu corpo de toxinas acumuladas, restaurar o equilíbrio da energia vital, se preparar para as mudanças hormonais do climatério, fortalecer o sistema nervoso, revigorando e tranquilizando mente e espírito. Respirando.

Então? Mais animada para começar?
Tania Sturzenegger, Zurique - Suíça