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domingo, 27 de julho de 2008


Segundo a socióloga Marilena Chauí “ideologia é um corpo sistemático de representações e de normas que nos “ensinam” a conhecer e agir”.
A partir desse pensamento fica fácil identificar qual é a ideologia proposta no filme “Arquitetura da destruição” do diretor Peter Cohen.
No início do filme, imagens belíssimas acrescidas de uma certa nebulosidade, retratam muito bem as propostas do texto narrado, sugerindo uma imagem de perfeição e de uma Alemanha diferente, que estaria prestes a surgir a partir de uma nova ideologia política: o Nazismo.
Adolf Hitler, pintor frustrado que sonhou em ser arquiteto, era a figura central que orientava o programa do partido Nacional - Socialista dos Trabalhadores Alemães. A base era o nacionalismo levado ao extremo com a defesa do racismo, a superioridade da raça ariana, a luta pelo expansionismo alemão, a defesa da cultura alemã com base no princípio de que beleza é saúde – o que mais tarde viria a ser difundida na medicina, a destruição da arte e da cultura de Bolchewistisch que era chamada de “arte degenerada” e acima de tudo a crença no mito do “corpo” da Alemanha do “povo”.
A Ideologia penetra nos mais variados e inimagináveis setores da vida como na educação, nos meios de comunicação de massa, hospitais, prisões, empresas, e principalmente dentro das casas, determinando a repetição de fórmulas prontas e acabadas. No caso das idéias propostas por Hitler, essa questão foi bem mais a fundo. O chanceler tentou estabelecer e recriar toda uma nova forma de vida, de valores, de moral, invadindo não só os espaços físicos mas principalmente propagando uma “lavagem cerebral” na população alemã através da manutenção da memória e sobretudo do pensamento.
Hitler acreditava que unindo a vida à arte surgiria o Estado Novo. Com a criação de uma propaganda nazista, que dava forma ao partido através de desenhos e instruções dando vazão ás ambições políticas, Hitler queria uma reforma nos costumes. Uma realização política, mas também estética regida por uma elite, com elevadas pretensões culturais e artísticas.

O filme “Arquitetura da Destruição” mostra, por se tratar de um filme “arte”, um lado pouquíssimo explorado pela mídia que se restringe a divulgar somente a imagem de Hiltler como de um político insano e inconsequente. Hitler era um amante da arte, da antiguidade e da beleza. Ele experimentou sensações de poder e de manipulação de massa que até então ninguém tinha provado. Em nome da estética como beleza, da sede pelo poder e do próprio vislumbre que o invadiu, quando percebeu que poderia comandar uma população como se leva um rebanho, ainda que se tratasse de cabeças pensantes, ele almejava ainda mais do que já tinha conquistado.

Citando ainda Marilena Chauí, “a ideologia tem como função assegurar uma determinada relação dos homens entre si e com suas condições de existência, adaptando os indivíduos a tarefas prefixadas pela sociedade. Portanto a ideologia assegura a coesão dos homens e a aceitação sem críticas das tarefas mais penosas e pouco recompensadoras, em nome da “vontade de Deus” ou do “dever moral” ou simplesmente como decorrente da “ordem natural das coisas”.
A socióloga sintetiza bem o que é, para que serve, e por que surge a ideologia na vida do homem, deixando claro que a classe dominante passa a exercer como natural sua dominação e acreditar nisso sem muita reflexão em ambas as partes.
Vale a pena conferir! Arquitetura da destruição (Architektur des Untergangs ) Alemanha/Suécia- 1989

Thaís Aguiar – Zurique, Suíça

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