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domingo, 27 de julho de 2008

Até que ponto as relações interpessoais que possuímos são verdadeiras? Às vezes acho que estamos vivendo um mundo de faz de conta. As pessoas nos últimos anos, passaram a se abraçar mais, dizer mais eu te amo, escrever mais declarações de amor, serem mais explícitas nos seus sentimentos. Mas quais sentimentos?
É possível dizer que se ama com apenas uma semana de convivência? Quanto tempo é necessário para se conhecer alguém verdadeiramente? E será que precisamos conhecer tudo sobre alguém pra gostar dele? Você acredita em amor à primeira vista? Ainda lembra da primeira pessoa que fez seu coração bater acelerado, suas mãos suarem e sua barriga doer? Naquela época, você achava que não amaria mais ninguém com tanta força e convicção. Qual será o amor mais forte, mais verdadeiro, mais incondicional? Será que só o amor de mãe é assim?

Você ama seus amigos, mas seria capaz de quais sacrifícios por eles? Na verdade, seria capaz de sacrificar qualquer coisa na sua vida, por amor e compaixão a um amigo, um parente? Quantas vezes no último ano, no caminho do trabalho, você parou para ajudar alguém que estava precisando, e chegou atrasado?

Quantos domingos de sol no verão você perdeu para ajudar na reconstrução da favela que foi inundada com as chuvas? Você deu dinheiro para ajudar aquela ONG que estava precisando, mas quantos velinhos você visitou? Quantas pessoas você ajudou a trocar? Quando seu amigo ficou internado por duas semanas, você teve tempo de ir visitá-lo?
Nós passamos mais tempos sentados no transporte, em frente as nossas TVs e nossos computadores, do que ao lado de alguém, dividindo qualquer forma se sentimento. Que mundo é esse que nos enterra cada dia mais nos nossos universos particulares e nos retira da vida em sociedade? Aonde vamos chegar? O capitalismo nos transformou em escravos da nossa própria necessidade.
Não abraço a minha mãe há quase dois anos, porque moramos em países diferentes. Porque eu preciso estudar e trabalhar pra ter um futuro melhor. E que futuro é esse? Que futuro me espera?
Você já pensou o porquê da sua existência? E o que tem feito de verdadeiramente real nos últimos anos? Quantos foram os verdadeiros momentos de alegria, de êxtase, de confraternização? E quantos foram os momentos de solidão? Inclusive aqueles em que estava acompanhado? Quantas vezes o vazio bateu na sua porta, entrou, inundou sua alma e te fez chorar compulsivamente sem nem saber porque?
Qual será o momento de reavaliar e mudar de caminho?
...não sei...eu continuo a busca pela minha estrada...

Carolina Bisacchi - Londres, Inglaterra

6 comentários:

marcia pereira disse...

Oi Carolina, minha vizinha de Reino Unido.
Li o seu texto e fiquei triste. Claro que eu me identifico com o que voce disse. Passo mais tempo em frente ao computador do que com amigos face-to-face, minha vida social depende de emails, skype, facebook, blogs... Na corrida para o trabalho, muitas vezes sinto que perdi a oportunidade de ter sido gentil no caminho.
Mas confesso tambem que, imediatamente depois da tristeza, vieram lembrancas boas de um sentimento de gratidao pela solidariedade e amizade experienciados mesmo atraves da distancia. As vezes ate' com um pouco de surpresa, mas sempre com muita alegria, vejo como as pessoas sao ainda solidarias, amigas, boas, e estao as vezes mesmo sedentas para ajudar e ser gentis, ou mesmo so' para fazer contato de alguma forma.
Bem, talvez eu devesse elaborar isso num formato mais longo, que nao cabe nesse comentario. Quem sabe na proxima edicao da Integra? Mas, so queria dizer que, apesar dos pesares, acho que ha' um pedaco de ceu azul entre as nuvens...

Bonan Apetiton disse...

Oi Marcia...concordo com o que vc disse. Sei que existe muito sol e luz do dia. Mas me deparo diariamente com situaçoes e falta de humanidade, e quando escrevi, digamos que eu estava "explodindo"...
Quem sabe a gente nao tem um "face-to face", visto que nao moramos tao longe assim!!

Anônimo disse...

Oi meninas, assunto interessante, heim?
Eu, longe de casa há...entre ídas e voltas 15 anos.
Ando "chateando" com jovens, sobrinhos e filhos de amigos (ORKUT), sempre vejo EU TE AMO, nas mensagens, mas sinto que é só uma onda, ta na moda, ficou bonito dizer, mas no fundo quase sempre nao tem o sentimento.
Recebo mil power-points ENORMES, sobre A AMIZADE, TE AMO, AMIGO É..., VOCE E ESPECIAL, sempre sobrecarregados de açucar, chantilly...,(to de dieta) enfim, to de saco cheio dessas mensagens criadas por pessoas inspiradas e usadas por pessoas sem inspiraçao,(na verdade, sei que são criadas comercialmente.
Tem umas que até veem com ameaças no final, tipo:
Se vc não me enviar de volta..., vai ter azar...
etc.
Graças a Deus não sou superticiosa, ufa!).
Enviam em correntes, acho que pra lista toda, nao colocam nada pessoal, nem sequer o nome do destinatário, e assim vai, sem alma, e acham ainda que estao em contato com "a gente".
Passam anos, sem te perguntar, Como vai? Tudo bem? O que anda fazendo? Nos vemos quando? Nada.
Prefiro a moda antiga, prefiro como faz minha mãe, meus tios, tias, primos e alguns poucos bons amigos, não dizem TE AMO com frequencia mas demonstram que AMAM, isso sim é AMAR. Esse TE AMO, sem dizer.
Ainda bem que existe OS NOVOS AMIGOS, os que estão por perto, fiz poucos mas bons, e tenho muitos colegas.
Gosto muito dos meus NOVOS amigos, mas descobri que amigos mesmo, fazemos na nossa adolescência e juventude (há exceções), esses ficam pra sempre, os NOVOS são quase sempre passageiros, na maioria das vezes se vão com a distancia.
Na verdade so se descobre o verdadeiro amigo no final.
Aquele abraço.
Miga ;-)

marcia pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
marcia pereira disse...

Oi Carolina,
Eu entendo. Ha' dias em que estamos mesmo "down", e ai a gente tem mesmo que colocar pra fora, de alguma maneira. Como a "Miga" disse ha' mesmo muita superficialidade por ai. Mas a gente nao pode deixar de valorizar as coisas boas que tambem existem. Eu ainda vejo e vivencio muita solidariedade, Isso me da' força para superar os momentos dificeis.
Seria otimo te conhecer f2f. Quem sabe voce se anima a vir a Edinburgh para assistir alguns eventos do Festival? Amanha estou indo assistir o grupo "Bale' de Rua" de Uberlandia, que esta se apresentando aqui.
Cheers!

Silmara disse...

Oi Carolina, gostei muito das suas reflexões, principalmente quando você diz: "Que mundo é esse que nos enterra cada dia mais nos nossos universos particulares e nos retira da vida em sociedade? Aonde vamos chegar? O capitalismo nos transformou em escravos da nossa própria necessidade."
Eu compartilho com você essa angustia. Trabalho muito e no final do dia estou esgotada, sem tempo nem energia para ligar para um amigo. Que vida é essa? Um mundo melhor é possível! As coisas precisam mudar...

Muito axé e beijos!