Outro dia durante uma conversa com um amigo levei um puxão de orelha quando expressei meu desconhecimento da vaia ao Lula nos jogos Panamericanos no Rio.
Ele foi categórico: - Thais, não vá se tornar essas pessoas que saem do Brasil e ficam alienadas e desinformadas do que acontece no próprio país. Isso me levou a refletir e concluir que a alienação não se desenvolve fora do país de origem e que a formação de cada um é construída na infância, adolescência e pelos eventos que se agregam a partir de interesses.
Esta formação, que faz com que tenhamos certa "sensibilidade política", nos torna ideológicos, com vontade de fazer algo para mudar o mundo no qual vivemos. Este mundo delimita-se no universo do qual somos parte, seja ele no campo, no bairro da capital, na comunidade da igreja, no clube, na família, ou nos grupos de amigos. Quando surgem grandes idéias que ultrapassam os interesses individuais é possível perceber as mudanças em nossas vidas e principalmente em nossos discursos.
No Brasil, se um cidadão possui uma renda que permite uma qualidade de vida, tudo está bem e ele está nessas condições, somente por mérito próprio. O país? o país está bem mesmo que seu vizinho esteja "numa pior". Mas a vida pela perspectiva do vizinho é outra: o país está mal, nada vai bem e a culpa é do governo!
O músico André Abujamra já cantou que o centro do universo é o nosso umbigo. Unido a este pensamento está meu amigo, citado no início deste, que defende a idéia de que em nosso país todos responsabilizam o governo por tudo porque, historicamente, depois da invasão dos portugueses, primeiro tivemos um governo e depois um povo.Isso realmente faz sentido quando pensamos na estrutura e demandas que surgem ao se formar um povo e de que forma vem as respostas. As reivindicações e conquistas da população que deveria ser a verdadeira condutora de seu país. Mas no Brasil não é assim.
Nós, brasileiros no exterior, que já conseguimos naturalmente uma ampliação do olhar, deveríamos ser os primeiros a entender os problemas do nosso país com mais esclarecimentos e pontos de comparação, e chegar no BR com o lado crítico e bem informado que possa gerar consciência e soluções. Para isso devemos dedicar um pequeno tempo a esse nosso mundo, esse universo do qual somos parte, e nos tornar agentes de transformação, buscando informação na mídia alternativa, nos desligar um pouco dos grandes veículos da mídia brasileira que manipula com maestria até os que se julgam mais esclarecidos.
Portanto: ouça, leia e veja os dois lados da informação antes de se tornar mais uma vez o dono da verdade equivocada!
A vida é notícia e a notícia você tem que buscar!
Thais Aguiar - Zurique - Suíça
2 comentários:
Concordo inteiramente com seu amigo .
Que bom você repassar a idéia!
Assim se faz um país.
Os dois lados da notícia... É por aí, embora dê trabalho, pois é preciso ter acesso vai internet ou imprensa alternativa às visões que não são as fornecidas pela "midiona" (ou "midiotona", se bem que idiotas são os que vão atrás...).
Como a maioria absoluta da população não tem nem sabe como procurar informações alternativas, fica difícil....
Façamos nós, portanto, a parte que nos cabe.
um abração
da Noemi
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