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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Dançando no escuro


Uma profissão bastante procurada por mulheres estrangeiras na Suíça é a de dançarina de cabaré. Para algumas, é sonho: uma maneira rápida de ganhar dinheiro. Para outras, é motivo de vergonha. No entanto, muitas chegam nos cabarés suíços sem ter idéia do que as espera. A brasileira Regina, que não quis revelar seu nome por motivo de segurança, em seu depoimento dado exclusivamente à reportagem de Íntegra, conta: "Ter sido dançarina num cabaré deixou fortes marcas em minha vida". Com um contrato fechado com uma agência especializada, Regina acreditava estar segura. Fez as malas para a Suíça e, ao chegar lá, descobriu que aquele não era o trabalho de seus sonhos. Mas, com a mãe doente, precisava enviar dinheiro para a família. "Fui contratada como dançarina striper e recebi um visto tipo L, um visto temporário, com a validade de oito meses, que autoriza o trabalho como dançarina, unicamente”, afirma a brasileira.

Atualmente, as condições de trabalho e estadia das dançarinas são regulamentadas com precisão. Em um contrato de trabalho padrão devem estar descritas, de forma detalhada, quais são os serviços profissionais, a natureza das atividades e os direitos sociais. Está estritamente estipulado que as dançarinas não devem incitar os clientes a consumir álcool, nem oferecer serviços sexuais. Porém, no cotidiano, não é bem assim que acontece.
Ao chegar em Zurique, Regina foi encaminhada a um dos alojamentos reservado para as dançarinas de Cabaré, com outras mulheres, cada uma vindo de um lugar diferente. "Era um quarto, em um vilarejo. Cheguei a ficar três dias sem comer. Ficamos abandonadas, assustadas. Não recebemos nenhum tipo de orientação como seria a vida aqui", relata. No local de trabalho, Regina conta que era obrigada a beber. “Se não bebesse, descontariam uma parte do meu salário, como já aconteceu. Ao ir com um cliente para o quarto, era obrigada a levar uma garrafa de vinho ou champanhe, e só podia voltar com a garrafa vazia. Muitas vezes, o cliente já estava tão bêbado, e eu também, que esvaziava a garrafa no banheiro", confessa. "Quanto ao sexo, fica a cargo de cada uma, ou da sorte de ter um chefe que não a obrigue". Acontece freqüentemente que, por não falar o idioma local, a dançarina não compreenda seu contrato de trabalho e fique desamparada, a mercê das ordens do empregador. Regina conta que deixou de ser dançarina de cabaré graças a uma licença médica que conseguiu por estar com uma grave infecção nos rins, mas denuncia: "Tem mulher que não sai, fica ali bebendo. Ou não só bebendo. Rola muita droga lá dentro. Tem muita disputa entre as mulheres, ciúme, inveja. Não se pode fechar o olho, se não corre o risco de alguém temperar um pouco mais seu vinho. A vida no cabaré é uma guerra.
Saí de lá, mas o cabaré fica como uma mancha que não sai".

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