Há nesta nova tribo mulheres de quadris enormes, largos, imensos, os seios acompanham e a fartura de carnes vaza pelos poucos panos. Há pouca maquiagem e muita fantasia. Há poucos olhos puxados e muita pele escura. Há pouca roupa cobrindo os viventes. Há sempre alguém por perto, muito perto, esbarrando, se esfregando, proximidade impensável em terras de Nossa Senhora da Luz. Há sempre um porra, caralho, cacete emendando os parágrafos. Mas nunca vi ninguém costurando frases com buceta, xoxota, reguinho. Engraçado, não acha? Porque será que só as “coisas dos homens” prestam para se fazer de vírgula, exclamação e ponto final? Há ônibus brotando de todos os lados, aos meus olhos ainda estrangeiros, sem rumo, sem parada, sem nome, sem ordem, sem pista, tenho sempre a impressão que assim só podem conduzir a destino incerto. Há buzinas e xingamentos em desarmonia. Há desalinho. Há destempero. Há muita gente nanica, sim, na rua, nas calçadas, nos guichês, nas filas, nas portas, nos ônibus, em todos os cantos, os de pouca estatura me fazem só mais uma. Há gente feia brotando em cada fresta, cada esquina, cada balcão, cada semáforo, cada meio-fio, cada curva insinuante que dá para o mar.
Há um bocado de cor sem combinação. Há um bocado de gargalhada. Há um bocado de vermelho, nas unhas, nas bocas, nas alças de sutiãs, nas camisas de viscose, nas bolsas e sapatos de verniz reluzente. Há malícia. Há mãos bobas que resvalam na coxa, que se esquecem em massagens no ombro, que fazem elogio e cosquinha respeitosa na nuca desnuda. Há sorrisos e olhares de malandragem. Há malemolência. Há cerveja e mais cerveja. Há madrugadas mais longas. Há sexta-feira sem fim. Há segunda-feira que começa mais tarde. Há preguiça nos ponteiros do relógio. Há frutas já cortadas para te darem na boca. Há falta de espaço. Há histórias deliciosamente narradas sobre o Botafogo. Há gurias que já tem filhos, maridos, sogras, crediário nas casas Bahia e, ainda assim, sorriem como meninas brincando de pular amarelinha. Há senhoras nordestinas perdidas desde muito tempo às margens da velha e cansada Guanabara com seus olhares de que de tudo já viu, sorrisos mansos e jeito doce de chamar por "minha querida” deixando transparecer a caatinga eterna do coração. Há beleza de menina-moça com vivacidade, fome em aprender, descendo e subindo todos os dias os infindáveis morros das "comunidades". Há muito mais para o bem e para o mal. Muito custo de vida e uma mirrada qualidade de vida que faz o coração apertar pelas facilidades e beleza provinciana da saudosa Vila de Nossa Senhora da Luz. Saudade, como li outro dia "saudade é como o bicho da goiaba come a própria casa". Sinto saudade do temperamento e temperatura do povo e das ruas da Curitiba com suas famílias que escondem os seus louquinhos no porão: "Ó maldito minotauro uivando e babando perdido no próprio labirinto".
Há um bocado de cor sem combinação. Há um bocado de gargalhada. Há um bocado de vermelho, nas unhas, nas bocas, nas alças de sutiãs, nas camisas de viscose, nas bolsas e sapatos de verniz reluzente. Há malícia. Há mãos bobas que resvalam na coxa, que se esquecem em massagens no ombro, que fazem elogio e cosquinha respeitosa na nuca desnuda. Há sorrisos e olhares de malandragem. Há malemolência. Há cerveja e mais cerveja. Há madrugadas mais longas. Há sexta-feira sem fim. Há segunda-feira que começa mais tarde. Há preguiça nos ponteiros do relógio. Há frutas já cortadas para te darem na boca. Há falta de espaço. Há histórias deliciosamente narradas sobre o Botafogo. Há gurias que já tem filhos, maridos, sogras, crediário nas casas Bahia e, ainda assim, sorriem como meninas brincando de pular amarelinha. Há senhoras nordestinas perdidas desde muito tempo às margens da velha e cansada Guanabara com seus olhares de que de tudo já viu, sorrisos mansos e jeito doce de chamar por "minha querida” deixando transparecer a caatinga eterna do coração. Há beleza de menina-moça com vivacidade, fome em aprender, descendo e subindo todos os dias os infindáveis morros das "comunidades". Há muito mais para o bem e para o mal. Muito custo de vida e uma mirrada qualidade de vida que faz o coração apertar pelas facilidades e beleza provinciana da saudosa Vila de Nossa Senhora da Luz. Saudade, como li outro dia "saudade é como o bicho da goiaba come a própria casa". Sinto saudade do temperamento e temperatura do povo e das ruas da Curitiba com suas famílias que escondem os seus louquinhos no porão: "Ó maldito minotauro uivando e babando perdido no próprio labirinto".
Dona Maria, Rio de Janeiro - Brasil
5 comentários:
Palmas! Palmas!
Ha quanto tempo naome emociono lendo?
Maravilhoso!
... hummm,
bicho goiaba !
Parabéns, muito bem escrito.
Ai que saudades do Brasil!
Gente feia no RJ? Eu nao sei aonde!No Rio so tem gente linda!!!
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