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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A Serious Man - Thaís Aguiar

Há tempos não ia ao cinema, mas as férias foram muito convidativas a uma sessão com pipoca e sem intervalo. Entre alguns filmes que faziam parte da minha lista, "Sherlock Holmes", "2012", e "Where the Wild Things Are", optei pelo mais recente dos irmãos Coen: "A Serious Man".
Como sou fã do trabalho deles desde "Raising Arizona" - para mim uma das melhores comédias de todos os tempos - decidi conferir o que estes dois andaram produzindo e apreciar os enquadramentos sempre tão bem pensados.
O filme começa com uma curta história, numa pequena vila judaica no leste europeu ainda no século 19. Com diálogos inteiramente em Yiddish, um casal recebe um visitante durante uma tempestade de neve, identificado como Dybbuk, um espírito maligno possuidor.
Passado isto o filme viaja para os Estados Unidos, ano de 1967 em Twin Cities, e aterrisa na vida de Larry Gopnik. Larry é um professor de física nada dinâmico que vive conflitos pessoais e profissionais bastante sérios. Seu irmão Arthur vive no sofá de sua casa, seus filhos estão sempre alienados aos acontecimentos, sua esposa quer o divórcio para casar-se com outro, um homem sério. Não bastasse isso, na escola, um aluno tenta corrompê-lo por melhores notas com uma considerável quantia.
Larry, vivido por Michael Stuhlbarg (ator ainda desconhecido do grande público), busca na religião, o judaísmo, algumas respostas e orientações dos rabinos para seus problemas. (continua)



O filme engloba várias questões: a religião, a liberdade, as escolhas, o conformismo, os valores, a auto-afirmação, entre outros. De forma sutil estes tópicos são jogados como sementes aos espectadores, o que nos faz repensar alguns pontos da nossa vida. Ainda que não tenha havido tanta identificação de minha parte, me fez refletir sobre a raça humana e o modelo falido de família que ainda insistimos em sustentar.
Foi inevitável não fazer referência ao "American Beauty" - 1999 de Sam Mendes que aborda esta temática de forma mais popular e bem mais mastigada. Elementos como o vizinho sisudo, a sensação ao provar um baseado, os conflitos pessoais que ultrapassam a fronteira do cidadão americano, e a família desestruturada que sustenta as aparências sem nem se dar conta disso..."A Serious Man" vale a ida ao cinema, ainda que eu preferisse um final com mais fechamento, pois parece que está na moda deixar para os espectadores suas próprias conclusões.
Thaís Aguiar - Zurique, Suíça

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso! O sentimemto pós moderno, "tudo em aberto"! O subjetivo em primeiro plano!

Tipo assim...Decidimos que final queremos para tudo, menos para as nossas vidas...que são controladas com os slogans, os conceitos e as imagens de uma Indústria Cultural que nos constrange a ver SÓ o que ela escolhe e quer!...com pipoca e manteiga...é claro!