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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O gosto pela dublagem - Jaciara Polese Rocha

Não pretendo ser uma "ditadora" de opinião. Dizer o que é certo ou errado, porque sei que muitos preferem filmes "dublados". Porém, na minha opinião, dublar filmes nos limita de ver o verdadeiro trabalho de um ator. Pra mim ficou claro isso quando assisti o filme Poderoso Chefão, de francis Ford Coppola (1972). Assisti o original e depois na Itália assisti à versão dublada em italiano. Sinceramente, dói os ouvidos! A dublagem é terrível. Me perdoe senhor Stefano de Sando, tenho certeza que também teve um grande trabalho de interpretação na dublagem de Don Corleone. Mas não se compara a voz e a entonação do próprio Marlon Brando. E (outra vez me desculpe), mas é impossível não fazer comparações já que podemos ver os dois. Embora nos cinemas aqui na Itália não haja escolha, ou seja, é dublado e pronto! E o mais interessante é que se este assunto vem nas rodas de conversas, a defesa é unânime: todos preferem filmes "dublados"! E ainda por cima argumentam orgulhosos que a Itália tem um dos "melhores" trabalhos de dublagem do mundo. Tudo bem, acredito que pode até ser. Mas, a falta de liberdade de escolher nas salas de cinemas um filme legendado ou dublado é que me dá "fastidio". E o mais interessante é ver como o "homem" se habitua (ou se conforma) em um ambiente "programado", ditado. Porque os filmes em língua estrangeira foram proibidos na Itália em 1930, pelo regime facista. E em pleno 2009 jovens se envaidecem por este "trabalho". Se colocarmos um DVD em casa com legenda, acreditem, surge uma guerra, pois ninguém quer assistir desta forma. Pois, como eles dizem "não se pode ler e ver ao mesmo tempo", é difícil e acreditam que perdem muito da essência do filme.
No Brasil a história da dublagem se iniciou também em 1930. Foi usado um sistema de gravação que permitia substituir as vozes dos atores por outras gravadas em estúdio, com o filme " The Flyer" dos diretores Jacob Karol e Edwin Hopkins.
Depois, em 1938, o primeiro filme a ganhar uma "versão brasileira" foi o longa -metragem “Branca de Neve e os Sete Anões”. A dublagem teve as canções adaptadas para o português pelo compositor João de Barro, o Braguinha. A voz de Branca de Neve ficou a cargo de Dalva de Oliveira, a "rainha do rádio". Em 1946, Herbert Richers criou um dos primeiros estúdios de dublagem 100% nacional. Em 1958, nasceu a Grava-Son, empresa criada para fazer as versões nacionais das séries da Columbia Pictures. Na telinha, o primeiro programa exibido em português foi a série americana Ford na TV, ainda em 1958. Um decreto do presidente Jânio Quadros, em 1962, determina que todos os filmes transmitidos pela TV deveriam ser dublados. A medida impulsionou o surgimento de estúdios como o AIC (atual BKS), que dublou séries clássicas como Os Flintstones, Perdidos no Espaço e Viagem ao Fundo do Mar.
Nos dias de hoje não existe mais uma "ditadura" do governo para a proibição de línguas estrangeiras. Existe uma "forma indireta" de impor as coisas e que nós mesmo sem "perceber" estamos nos limitando, pela "preguiça" de ler. Em vários fóruns sobre a polêmica entre filmes legendados X dublados que li na internet, existem muitas frases do tipo: "quem quer ler vai na biblioteca". E as salas brasileiras de cinemas estão agindo de acordo com o "cliente", ou seja, do mercado: quem compra mais é quem comanda. E qual é esta tedência? "Uma pesquisa feita pelo Datafolha, a pedido do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Rio de Janeiro, comprova: 56% dos espectadores consultados preferem ir ao cinema para assistir à versão dublada dos filmes, quando disponíveis; em DVD e em TV por assinatura, a preferência que domina é a mesma. Aliás, a preferência também é dos anunciantes. De acordo com o levantamento do Ibope Monitor de investimentos do mercado publicitário, entre os canais de TV por assinatura que mais faturaram no primeiro semestre de 2009, estão os que abriram mão das legendas. Na TV paga, o canal Fox lidera o ranking de faturamento, com crescimento de 62% no período, em relação a 2008. A TNT, que sempre exibiu longas-metragens nessa versão, cresceu 4% em um ano e, dos canais Telecine, o único que faturou mais no primeiro semestre foi justamente o Pipoca. Segundo Angelica Bito, a tendência está também dentro da casa do espectador."
Infelizmente a rejeição às legendas existe também no Brasil.
O brasileiro esta querendo filmes dublados. E a desculpa: será que somos também "os melhores dubladores do mundo"?
Fontes: Revista Mundo Estranho / site cineclick-uol
Jaciara Polese - Ferrara, Itália

7 comentários:

Renato disse...

Hola, me tomare la libertad de responder en castellano, ya que me permitirá expresarme mejor, espero no incomode.

Estoy de acuerdo que con las películas en idioma original un cinefilo pude gozar mucho mas del trabajo de actor, sin duda, sobretodo cuando se trata de grandes interpretes que nos regalan tan grandes papeles.

Una vez asistí a un coloquio sobre subtitulado en el cine, orientado mas bien a técnicas de incrustacion de subtitulos en las películas sin que se hagan de manera grotesca o intrusiva, no se puede. En la conversación suigio un grupo de personas que preferían las películas dobladas, por una razón tan sencilla como valida, ello permite al espectador introducirse mas en la película, sin tener que distraerse en las feas letras que irrumpen en el encuadre, imagínense, muchos cineastas trabajan mucho los encuadres en varios niveles, en los movimientos de cámara, que terminan siendo también un personaje mas en la historia, imagino que David Lynch o Gaspar Noe detestarían ver sus películas con subtitulos.

Pero es siempre cuestión de preferencias, me gustan ver las películas en idioma original siempre que esto no me corte la concentración en la imagen, algunas películas en chino o japones (por ejemplo) prefiero verlas dobladas, por que a veces los diálogos son tan largos y los textos pasan tan rápido que uno no termina ni de leer los subtitulos ni de ver lo que esta pasando en el film.

Por otra parte hemos llegado a un momento en que los doblajes han logrado un super buen nivel, los Simpsons en ingles, por ejemplo, no dan risa, los mismos doblados por mexicanos, rulez! :D

Un Abrazo

Renato Meza

Jaciara Rocha disse...

Bravo Renato..Otimo!obrigada pelo teu comentario!!Mande sugestoes, também, estamos abertas para recebe-las!!abraços!

Renato disse...

En ese caso les sugeriría crear un perfil en facebook, que llega a mucha mas gente y permite crear una gran cadena de contactos/lectores.

Un abrazo!

Renato Meza

Unknown disse...

Oi Jaci, o artigo é massa! o integra tá massa! a sugestão do Renato é boa! Integra no FB já! Os ares da vida digital para o Blog Integra vao fazer bem!

Unknown disse...

Inclusive lá tem mais Inter-Act! Se é que me entende..hehehe

Dilma Machado disse...

Boa noite,
Sou tradutora de filmes e séries para dublagem e também sou dubladora há 14 anos. Finalmente, este ano, no Congresso da Abrates em Porto Alegre, terei uma chance (de apenas 30 minutos) para introduzir a tradução para dublagem como tópico entre tradutores. A tradução para dublagem é subestimada, assim como a própria dublagem. Concordo com Jaciara de que temos o direito de escolha, mas não podemos ignorar que, poucos dentre tandos brasileiros são privilegiados e podem assistir um filme no original. Que bom que fazemos parte dessa minoria, mas onde fica o direito daquele que não tem esse privilégio. A dublagem brasileira não é melhor do mundo, mas é a terceira melhor, ficando atrás apenas para a Italiana (me surpreendeu o comentário de que a dublagem italiana é ruim) e a Francesa ( que pude ver e admirar). Até pouco tempo, no cinema, apenas os filmes em desenho animado eram dublados, mas com o crescimento do mercado, todos os filmes sem censura para cinema estão sendo dublados. Nós, dubladores e tradutores, agradecemos, pois o mercado cresce. No Brasil, temos excelentes dubladores, que conseguem tornar o filme, desenho, etc, muito melhor, quando é dublado. Nem sempre a voz original é tão boa assim. De forma alguma defendo a teoria de que toda produção estrangeira deve ser dublada como acontece em vários países europeus, mas defendo o direito do indivíduo de ter a opção de escolher a dublagem se assim ele quiser. Na Fox, tudo é dublado, mas não deveria. Deveria oferecer aos "privilegiados" a opção do close caption e assim ouvir o original. Espero que não interpretem como "cinismo" quando falo de uma classe privilegiada, pois faço parte dela. Só quero expor minha opinião. Como disse Renato, é sempre uma questão de preferência e eu a respeito. Acho que antes de falar mal da dublagem, é preciso saber o trabalho que se tem para chegar ao produto final, visto nas TVs e telas de cinema. Se é ruim ou não, não importa. O importante é que todos, bilingues, poliglotas ou analfabetos, tenham a mesma oportunidade num país que precisa crescer de todas as formas.

Revista Integra disse...

Obrigada Dilma! Como é bacana poder ver o outro lado, o lado dos bastidores, no caso de quem trabalha com isso... Vivendo e aprendendo mais sobre tudo.
Escreva sempre!