Conheci a voz de Mercedes, pela primeira vez, na canção: "Soy pan, soy paz, soy más", de Piero José.
Era 1990 e eu fazia intercâmbio cultural na Alemanha(!). Imaginem a quantos quilômetros de distância da América Latina, finalmente, me encontrei com La Negra. Mas, após o encontro, entendi que não havia distância alguma: ela estava dentro de mim, sempre esteve.
Com a amiga venezuelana Elymir, também de passagem por aquele inverno abissal e ininteligível para duas meninas sulamericanas cheias de sonhos tropicais, cantei essa música inúmeras vezes, com a mesma paixão que a letra e a voz de Mercedes evocavam:
"Soy agua, playa, cielo, casa blanca / Soy mar Atlántico, viento de América
Soy un montón de cosas santas / Mezcladas con cosas humanas
Cómo te explico? Cosas mundanas..."
19 anos se passaram, muitas coisas mudaram, mas sigo tão santa, humana e, sobretudo, mundana, como da primeira vez que ouvi essa canção. Ely, mesmo em Caracas, está sempre ao meu lado (salve a tecnologia digital - uma das boas mudanças dessas quase 2 décadas!).
"Vamos, decime, contame
Todo lo que a vos te está pasando ahora
Por que si no, cuando esta tu alma sola, llora
Hay que sacarlo todo afuera
Como la primavera
Nadie quiere que adentro algo se muera
Habla mirándose a los ojos Saca lo que se puede afuera
Para que adentro nazcan cosas nuevas"
Mercedes reina absoluta, não somente na nossa memória, como também nas idéias e na forma de sentir o amor ao próximo, defender a justiça, a solidariedade e a dignidade no continente latino-americano. E, principamente, na nossa maneira intensa de adorar a vida. Ou, como diria La Negra, "honrar la vida". Mas essa é outra canção e outra história... Por enquanto, uma pequena lembrança dessa intérprete "extra-ordinária":
Evoé, Negra! Axé e qué Díos te bendiga!
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