A história de Sandro já havia sido contada em 2002 por José Padilha (mesmo diretor de "Tropa de Elite" e "O Corruptólogo") no filme "Ônibus 174", onde participaram os personagens reais e foram utilizadas as imagens do acontecimento. O documentário de Padilha é um dos mais tocantes registros que já assisti. Na tarde de 12 de julho, Sandro foi visto por mais de 30 milhões de espectadores. Um teatro que acabou em tragédia. A produção conseguiu traçar o caráter do sequestrador, mostrando uma outra face da criminalidade, ignorada por todos nós.
A documentação foi tão impactante que me fez questionar minha vida, de alguma forma "burguesa", minha arte ingênua, meu universo "perfeito", muito mais agora que moro na Suíça, país que mais parece uma maquete da vida irreal. Mas muito maior que a culpa, é a maravilhosa sensação que muitas vezes a impotência provoca: a vontade de colaborar para melhorar este universo, num exercício que começa pequeno e que pode trazer resultados além de nós mesmos.
O filme de Barreto, que ainda está em cartaz em diversos cinemas do Brasil, mostra como funciona, quase que didaticamente, a formação do criminoso no Brasil. A estória é rebuscada e narra a vida de Sandro paralela a de Alessandro, mais um anônimo culpado e inocente produto da nossa civilização.
O documentário é imperdível não só pela estrutura que justifica e sinaliza as falhas desta nova sociedade,
"Ônibus 174", de José Padilha, 2002.
"Última Parada 174", de Bruno Barreto, 2008.
Assista também "O Quarto Poder”, com John Travolta - uma boa produção que, para muitos, parece plágio. A vida se inspirando na arte.
Thais Aguiar (Zurique, Suíça)
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